Por Latino Oliveira Neto
Meu personagem é Guardião, um forjado-bélico clérigo da deusa do aspecto mais protetor e acolhedor da civilização, Boldrei. Bem, ele é um clérigo bem peculiar, na verdade. Ele foi criado há 10 anos apenas, parte de uma encomenda da Casa Deneith para uma tropa de guarda-costas fortes e burros, lentos mas que usavam armaduras e escudos bem pesados. Seu destacamento foi programado para ser parte de uma escolta de nobres que precisavam viajar por regiões de batalhas intensas, ou que estivessem inseguros quanto a sua integridade pessoal (bastante comum em tempos de guerra).
Eu, junto com outros 2 forjados bélicos do mesmo lote, fomos vendidos a um nobre de Thrane chamado Jacques ir'Detrois, cujo feudo ficava nas fronteiras com Cyre, mais especificamente ao norte do Forte Aesthawn, região muito atacada por Cyre e pela Brelândia. Dos 3 novos guarda-costas, eu (ainda não tinha nome, só era conhecido como 988W273, meu número de série) era o mais eficaz. Possuía força e robustez, além de perceber facilmente as brechas abertas pelo inimigo. Meu senhor estava muito satisfeito com os meus préstimos, e eu com o meu serviço (que, diga-se de passagem, não era fácil, pois os ataques eram constantes). A vida, contudo, não era muito agradável para mim. A teocracia de Thrane, suportada pela Igreja da Chama Prateada, acredita que os forjados bélicos não possuem alma, portanto eu e meus iguais éramos tratados como meras ferramentas, não diferentes de uma arma ou armadura. Eu, contudo, continuava dedicado e resoluto, pois existia em um ímpeto por proteger, por guardar, que nem eu mesmo sabia de onde vinha, mas era o que me motivava a continuar.
Certo dia, Jacques, fora convocado, junto com vários outros nobres, para atacar Cyre sob o comando do príncipe Borann da Brelândia, pelo efeito de um tratado mútuo para eliminar com as hostilidades de Cyre. Como não podia deixar de ser, eu fui junto com o meu senhor para a guerra. Lentamente as forças aliadas avançaram no território de Cyre, em direção a sua capital, Metrol. As forças de Thrane e da Brelânida, conjugadas, eram mais que o triplo do exército de Cyre inteiro, e a vitória parecia sorrir para as forças do tratado. Cyre, porém, era um reino mais belicoso e vingativo do que se havia imaginado, e lançando mão de um recurso desconhecido, gerou uma explosão tamanha que, fiquei sabendo muito depois, pode ser vista do meu antigo lar, próximo à floresta ao norte do Forte Aesthawn (na verdade, deixou todos os guardas da vigília irremediavelmente cegos). Como era de se esperar, não houve sobreviventes...
Então eu desperto. Ao meu lado está um gnomo com uma enorme mochila cheia de ferramentas. Parece que ele me consertou. Ele parecia feliz, embora falasse em um idioma que eu não entendia direito. Então ele apontou para uma espécie de carroça puxada por dois grandes cavalos mecânicos, e eu me dirigi até lá, ainda sem saber direito quais as intenções do meu novo senhor (agora que Jacques estava morto). Entrei na carroça para me proteger da chuva que começou a cair, e percebi que, em meio a vários outros aparatos, existia um outro forjado já dentro da carroça, mas parecia bem danificado, além de estar sem um braço. A chuva caiu por mais de meio dia, tempo em que fiquei esperando que chegássemos ao nosso destino.
Porém mais uma vez minha jornada foi interrompida. Três homens armados e portando o brasão real da Brelândia (que eu conhecia bem, isso não tinha sido apagado da minha memória), solicitaram, em voz inquisitiva, que o contrabandista de forjados se rendesse, pois, segundo o Tratado de Forte-Trono, os forjados-bélicos eram, desde 996 A.R., livres, portanto não poderiam ser comercializados, e que comercializar armas da antiga Cyre com os monstros de Droaam era considerado crime de guerra, por isso ele deveria se entregar, ou seria preso à força. O gnomo, como parecia ser esperado pelos soldados brelões, não tinha a intenção de se render, e uma feroz luta começou entre os soldados e o gnomo, ajudado pelos seus cavalos mecânicos. Eu, contudo, estava mais interessado na parte de que todos os forjados-bélicos estavam, agora, livres. Liberdade... o que eu faria agora com isso? Ainda meio perdido em meus pensamentos (em boa parte por culpa dos danos ainda não consertados), percebi que o gnomo, após perder o apoio dos dois cavalos (abatidos pelos soldados) usou uma arma estranha que criou uma fumaça negra e começou a corroer a carne dos soldados (e também do gnomo, para sua surpresa). Nesse momento, agarrei a primeira coisa que se parecia com uma arma (uma haste longa com uma lâmina pesada similar a uma glaive em cada extremidade), saltei sobre os soldados, tirei-os da névoa, e me posicionei para defendê-los do que quer que o gnomo lançasse sobre eles. Fiquei esperando, com os olhos fixos na névoa, mas nada veio de lá, ao contrário do que eu esperava. Quando, finalmente, a névoa se dissipou, o gnomo havia sido reduzido a um esqueleto e seus cavalos a placas de ferro amontoadas no chão.
Infelizmente, para mim, os soldados também não resistiram ao efeito devastador da névoa, e sucumbiram aos danos. Desorientado, eu peguei aquilo que me parecia ser útil na carroça e rumei de volta a Terra das Lamentações (que eu conhecia como Cyre), na tentativa de achar outros forjados-bélicos que, como eu, haviam sido abandonados pelos seus antigos senhores, para reconstruí-los. Infelizmente, para mim, a combinação da minha capacidade mental limitada com os danos no sistema de memória fizeram com que eu não conseguisse sucesso no meu intento. Frustrado e sem rumo, sentei-me em uma caverna, decidido a esperar por um sinal de qual seria meu propósito no mundo.
Não foi muito difícil, contudo, descobrir que eu seria inútil ali. A única coisa que floresceu realmente em mim enquanto estava naquele ermo foi a necessidade de proteger, de guardar, de defender. Ao menos aprendi a manejar direito aquela arma estranha que eu tinha, embora ainda fosse meio desengonçado. Decidi, então, que se no ermo não encontraria respostas, as procuraria na civilização. Por isso rumei para a Brelândia mais uma vez, em busca de respostas. Ao entrar em território brelão (apesar dos habitantes se chamarem de brelandeses; Jacques os chamava de brelões e eu assim continuo a chamá-los), conheci uma jovem que vinha de Thrane e rumava para alguma cidade grande (que eu preferia evitar, não sabia como as pessoas iriam reagir a um forjado-bélico, mesmo que tivéssemos sido recém-libertos) [isso é uma crença do meu personagem na época, na verdade isso já ocorreu bem perto do presente]. Decidi, então, viajar com ela para protegê-la durante a viagem, e ela se apresentou como Briske, uma sacerdotisa da Hoste Soberana. Aprendi muito sobre religião e sobre alma, e o motivo de sermos tratados daquela forma em Thrane, além de descobrir que a libertação dos forjados aconteceu com a assinatura de um tratado que pôs fim à guerra há dois anos.
A viagem durou mais que o esperado porque Briske decidiu me ensinar tudo o que ela sabia, e me sagrar como um sacerdote da Hoste Soberana (embora eu tenha real devoção aos ideais de Boldrei, a guardiã dos lares e da comunidade). No momento da minha sagração eu jurei que seria fiel à minha alma e acharia aqueles que precisariam da minha proteção, e ganhei meu nome - Guardião. Lembro-me também que ela me pediu, quando nos despedimos, que eu fosse ao templo da Hoste Soberana em Sharn, a Cidade das Torres, para que fosse oficialmente apresentado aos outros sacerdotes como um clérigo que difunde a fé de Boldrei e da Hoste Soberana.
Agora eu tinha um propósito e meios para cumpri-lo. Pratiquei muito para aprimorar o conhecimento básico que recebi, escutava sempre todas as conversas sobre religião e filosofia dos viajantes com quem encontrei, protegi todos os que cruzaram meu caminho em suas jornadas, mas sempre acabava sozinho no final. Parece que os humanóides precisam de mais de uma motivação para viver, e acabam se entediando na minha presença. Se assim deve ser, então não contrariarei os desejos de Boldrei. Continuarei procurando aqueles que precisam de proteção.
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Dessa forma, acho que descrevi tudo. Vou destrinchar agora por itens:
- Ex-Donos: Alguém da Casa Deneith, que me treinou como o 988W237 (não me lembro dessa pessoa) - Jacques ir'Detrois, o nobre de Thane, o gnomo que me consertou, depois descobri que estava livre.
- Criadores: Uma forja da casa Cannith em Cyre (não está descrito, mas porque faz pouca diferença agora, e ele não se lembra porque foi feito por encomenda).
- Aliados / Amigos: Primeiro os outros dois forjados que foram com ele para o feudo de Jacques ir'Detrois: 988W412 e 988W576 (ainda devem estar em algum lugar da terra das lamentações, eles também possuem a armadura pesada que deve ter me protegido da explosão), a camponesa ruiva (que, segundo Briske, deve ter sido uma visão que tive de Boldrei), e a minha mentora, Briske (uma humana sacerdotisa da Hoste Soberana, possui um alto cargo na ordem religiosa, tida como muito sábia e portadora de visões pressagiosas. Ela diz que foi por um desses presságios que veio de Thrane para Sharn sozinha, e acha que o destino dela era me encontrar e me treinar como clérigo).
- Rivais de Guerra / Inimigos: Na teoria, o exército de Cyre (já morto), mas na prática, ninguém. Por um breve momento ele achou que o gnomo era seu inimigo, mas esse pensamento não chegou a se concretizar na mente dele como verdade, então ele acha que tudo que o gnomo e os soldados fizeram foi apenas um reflexo dos múltiplos propósitos que os humanóides acham para as suas vidas (e que ele acha muito complicado para funcionar, ele prefere ter um só e fazê-lo bem feito).
- Experiência de Guerra: A guerra foi uma extensão da vida dele, até recentemente. Ele foi encomendado por causa da guerra, protegia seu mestre por causa da guerra, lutou contra outros forjados em Cyre por causa da guerra, e foi reencontrado anos depois do dia da lamentação por consequências da guerra (os escamoteadores que rondam a terra das lamentações). Mas ele acha que a Guerra é uma coisa dos humanóides, e que se eles se ativessem mais aos seus principais propósitos não haveria necessidade de guerra.
- Aprendizado de classe / Mestre: Ele foi treinado e sagrado clérigo por Briske, alta sacerdotisa da Hoste Soberana de Sharn. O treinamento ocorreu durante uma viagem de Briske de Thrane até Sharn, na Bretânia.
- Colegas / desafetos: Fuitreinado sozinho, sem colegas ou desafetos potenciais.
- Motivações: Guardião quer alguém (ou algo, mas ele prefere alguém) para proteger. Só isso.
- Viagens: Conheço a região sul de Thrane, conhecia boa parte de Cyre, rondei um pouco pela terra das lamentações na região próxima a Brelânida, e agora estou viajando pela região leste da Brelândia.
Hierarquia de características raciais:
*Mais marcante: SIMPLES (no sentido de não analisar implicações complexas nos seus pensamentos, para ele as coisas sempre caminham bem em linha reta).
*Fortemente proeminentes: ALERTA, DIRETO, RESERVADO, PRÁTICO, INGÊNUO, LEAL, BRAVO (no sentido de bravura, não re raiva).
*Neutras: AGRESSIVO, CURIOSO
*Fortemente divergentes: INDUSTRIOSO (no sentido de trabalhador mesmo, mas ele é bem esforçado)
*Inexistente: METÓDICO (no sentido de meticuloso, ele é muito simples para ser meticuloso).
FICHA em 23/01/2010, 20 Eyre 988 A.R., 14h00min
====== Created Using Wizards of the Coast D&D Character Builder ======
Guardião, level 4
Warforged, Cleric
Build: Battle Cleric
Background: Thrane, Deneith Bodyguard, Mist-Touched, Mournland (Cyre) (Perception class skill)
FINAL ABILITY SCORES
Str 19, Con 16, Dex 8, Int 10, Wis 15, Cha 13.
STARTING ABILITY SCORES
Str 16, Con 14, Dex 8, Int 10, Wis 14, Cha 13.
AC: 20 Fort: 18 Reflex: 14 Will: 19
HP: 48 Surges: 10 Surge Value: 12
TRAINED SKILLS
Religion +7, Insight +9, Heal +9, Perception +9
UNTRAINED SKILLS
Acrobatics, Arcana +2, Bluff +3, Diplomacy +3, Dungeoneering +4, Endurance +6, History +2, Intimidate +5, Nature +4, Stealth, Streetwise +3, Thievery, Athletics +5
FEATS
Cleric: Ritual Caster
Level 1: Weapon Proficiency (Zulaat)
Level 2: Weapon Expertise (Heavy Blade)
Level 4: Toughness
POWERS
Channel Divinity: Healer's Mercy
Cleric at-will 1: Priest's Shield
Cleric at-will 1: Righteous Brand
Cleric encounter 1: Healing Strike
Cleric daily 1: Avenging Flame
Cleric utility 2: Life Transference
Cleric encounter 3: Split the Sky
ITEMS
Ritual Book, Climber's Kit, Javelin (3), Backpack (empty), Flint and Steel, Pouch, Belt (empty), Sunrod (10), Rope, hempen (50 ft.), Blood Fury Zulaat +1, Blessed Book (heroic tier), Magic Holy Symbol +1, Hero's Chainmail +1, Spiked Soles (heroic tier), Amulet of Protection +2
RITUALS
Gentle Repose, Brew Potion
Guardião, level 4
Warforged, Cleric
Build: Battle Cleric
Background: Thrane, Deneith Bodyguard, Mist-Touched, Mournland (Cyre) (Perception class skill)
FINAL ABILITY SCORES
Str 19, Con 16, Dex 8, Int 10, Wis 15, Cha 13.
STARTING ABILITY SCORES
Str 16, Con 14, Dex 8, Int 10, Wis 14, Cha 13.
AC: 20 Fort: 18 Reflex: 14 Will: 19
HP: 48 Surges: 10 Surge Value: 12
TRAINED SKILLS
Religion +7, Insight +9, Heal +9, Perception +9
UNTRAINED SKILLS
Acrobatics, Arcana +2, Bluff +3, Diplomacy +3, Dungeoneering +4, Endurance +6, History +2, Intimidate +5, Nature +4, Stealth, Streetwise +3, Thievery, Athletics +5
FEATS
Cleric: Ritual Caster
Level 1: Weapon Proficiency (Zulaat)
Level 2: Weapon Expertise (Heavy Blade)
Level 4: Toughness
POWERS
Channel Divinity: Healer's Mercy
Cleric at-will 1: Priest's Shield
Cleric at-will 1: Righteous Brand
Cleric encounter 1: Healing Strike
Cleric daily 1: Avenging Flame
Cleric utility 2: Life Transference
Cleric encounter 3: Split the Sky
ITEMS
Ritual Book, Climber's Kit, Javelin (3), Backpack (empty), Flint and Steel, Pouch, Belt (empty), Sunrod (10), Rope, hempen (50 ft.), Blood Fury Zulaat +1, Blessed Book (heroic tier), Magic Holy Symbol +1, Hero's Chainmail +1, Spiked Soles (heroic tier), Amulet of Protection +2
RITUALS
Gentle Repose, Brew Potion
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ResponderExcluirCom o passar das sessões (teremos a quarta sessão agora, dia 23/01), o Guardião está ficando um pouco mais introspectivo que o planejado inicialmente, pois aconteceram várias coisas que afetaram-no diretamente, como o reencontro do seus antigos companheiros de atividade, 988W576 (que adotou o nome Catalisador quando tornou-se um invocador cultista do Sangue de Vol) e 988W412 (que tornou-se um mero lacaio do 988W576, sendo inclusive sucateado e mantido como um ser moribundo). Esse encontro também fez o Guardião se tornar mais convicto que o seu caminho como clérigo de Boldrei é o mais adequado para ele.
ResponderExcluirInteressante também é perceber a indiferença do restante do grupo à personalidade do Guardião, e esperar dele ações e frases complexas e cheias de significados diversos (como não poderia deixar de ser, eles me conhecem há menos de uma semana). Todos os seres tendem a balisar o mundo (e os outros seres) segundo sua própria ótica, o que os leva a enxergar nos outros aspectos da sua própria personalidade, e quando você tem um ser com tão pouco a mostrar (como é o caso do Guardião), os reflexos, pelo que eu percebo, ficam mais nítidos ainda, e as afinidades (ou falta delas) ficam logo evidentes.
Prevejo tempos nebulosos para o Guardião num futuro próximo...
"Não sei qual é o problema de Guardião e seus... amigos. Um deles me atacou de surpresa no meio dos esgotos. E agora não querem me dar razão por ter matado os traficantes de lírio dos sonhos que é a raiz do mal que aflige alguns irmãos forjados lá embaixo, nas Engrenagens... pena também que esses irmãos são patentemente fracos: se caíram no vício, não prestam para nada. Ainda me espanto que Monitor tenha feito algo para salvá-los... mas o espanto é menor quando se trata de Guardião, ele sempre foi impelido por ideias menos sofisticadas: parece que não pensava muito quando estava calado. Não há muito como discutir com ele. O que é uma pena, seria tão útil: a mim, ao Sangue Ferroso e a ele mesmo."
ResponderExcluir-- Canalisador, em seus pensamentos